domingo, 15 de julho de 2007

os objectores.....

Já está em vigor a Lei da IVG, finalmente mulheres portuguesas podem praticas IVG de forma segura, e com a dignidade a que têm direito.....
Mas temo que a Lei venha a ter um alcance limitado...
Durante a campanha para o referndo, onde apoiei de forma activa o "sim", sempre manifestei este meu receio.
Sempre defendi que se fosse feita uma interpretação diferente da antiga Lei, não seria necessário termos feito o referendo, bastava olhar para o exemplo que nos foi dado pelos nossos vizinhos Espanhóis.
A Lei deles, e que se encontra actualmente em vigor, foi praticamente decalcada da nossa antiga Lei, só que na Espanha foi feita uma interpretação da Lei muito diferente da que foi sendo dada no nosso país, fazendo a nossa classe política e médica uma interpretação muito restrita da Lei, fazendo com que número de IVG legais fosse pouco mais que irrisório...
Em Espanha é o que se via, derivado a atitude "mais aberta" proliferaram as clínicas junto á fronteira, onde as mulheres portuguesas iam fazer a sua IVG de forma segura e digna, evitando assim o circiuto clandestino surgido em Portugal.
Agora com a nova Lei em vigos vemos a mentalidade antiquida da nossa classe médica, classe essa que sempre primou por se sentir um pouco acima da Lei, e vemos que em vários hospitais, de norte a sul do país, passando pelas ilhas, todos os médicos da especialidade de obstetricia se declararam objectores de consciencia...
Estou convencido que isto tem uma razão de ser, toda gente sabia que havia muitos directores de serviços diziam á boca cheia, antes do referendo, que no serviço deles a IVG nunca seria realizada...
Sejamos sinceros, todos nós sabemos como funcionam as coisas....
obviamente que nesses hospitais, os médicos se recusam a realizar as Ivg porque os respectivos directores sao contra a Lei, e existe receio de contrariar o superior hierarquico...
Tenho quase a certeza que isto acontece na maioria dos hospitais referenciados, e esta atitude dos médicos vem, quer se queira quer não, limitar a efectiva aplicação da Lei.
Só espero que depois não se venham a verificar casos de médicos objectores de consciencia no serviço público, e a praticarem Ivg no serviço privado, pelo menos a Ordem dos médicos ja manifestou a intenção de criar um registo de objectores de consciencia, de forma a evitar estas situações, vejamos se terá efeitos práticos, ou se continuará a reinar o habitual corporativismo existente na classe médica.
Eu sou da opinião que nos hospitais públicos as Leis devem ser respeitadas, e os médicos, sendo funcionários do Estado devem cumprir essas Leis, de forma a evitar essas situações, pois se não querem seguir as normas emanadas pelos orgaõs competentes então deviam de exercer medicina, apenas e só, no serviço privado, onde teriam toda liberdade do mundo....

Nenhum comentário: